segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Insanidade inocente

O escritor é um fingidor. Finge tão completamente que chega a sentir a dor que pretendia fingir que sente.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O GRITO

Sinto-me parte de um mundo no qual plumas de pavões definem mais que a imensidão do casco da tartaruga. Uma selva de mordidas e arranhões e poucos abraços. Um mundo onde o conflito, muitas vezes desnecessário, se torna desgastante e, no fim das contas, você só acumula espinhos.

Fazer de mim esse ser tão metonimicamente dividido pode parecer martírio. Mas não é! Não falo de um “eu” e sim de um “nós”. Pretensiosamente afirmo que TODOS já levaram um “tapa na cara” e guardam a cicatriz até hoje. Uns na espera pela devolução. Outros para se lembrar de nunca tornar a dar a face ao outro.

Quando os tapas sobrepõe a perseverança... quando constelações de espinhos tomam conta do coração (e da garganta) o melhor a fazer é botar pra fora, certo? Mas como explodir sem destruir?

Não gosto de gritar, mas esta se revelou uma boa solução nesses dias de sufocamento. Inofensivo e eficaz. O grito é a voz da alma para ela mesma e para mais ninguém. Em tempos onde sobram espinhos e faltam espelhos, olhar para si mesmo às vezes pode beneficiar. Vivemos tão freneticamente buscando aprovação (por vezes a nossa própria aprovação) e esquecemos que por trás de aprovar mora o julgar, e quem é você para julgar alguém?

Não escrevo. Grito! Em um suspiro que me proporciona alívio e angústia. Entristece-me esse morrer tão solitário. Rios de lágrimas invisíveis correndo aos pés insensíveis de quem me mata e eu sigo morrendo... pelo menos até quando acabarem os gritos e começarem as explosões.     

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A namoratriz

            Em eixo de um deus de muitos nomes sigo a correnteza que me foi imposta. Em um rio sem começo ou fim vivo e revivo quando sou requisitado. Em um dia monótono como qualquer outro vislumbrei à encosta um vulto do que parecia ser uma mulher. Fosse o que fosse, me intrigava. Eu sei que nenhum de nós deveria deixar o fluxo do rio, mas algo além de mim me empurrava para a margem do rio. Encontrei terra firme e estranha. Eu estava, definitivamente, fora do meu espaço.

            Segui caminhando por floresta densa e nebulosa. Quando esta findou, a paisagem desenhou diante de meus olhos um belíssimo alvorecer. Vi-me em uma praia de areias brancas parcialmente deserta, não fosse pelo vulto caminhando ao longe. Tentei correr para alcançá-lo, mas era como se algo fincasse minhas pernas fundo na areia fofa. Enquanto assistia ao esmaecer de meu objetivo ao longe, ouvi uma voz que nunca antes tivera ouvido:

 

-- Oi.

-- Olá.

-- O que você está fazendo sozinho aqui na praia? Está perdido? – Ao me virar em direção à voz me deparei com uma belíssima mulher. Ela estava acocorada, mas podia-se dizer que não era alta. Tinha pele dourada e cabelos negros lisos até o meio das costas. Uma verdadeira musa de cinema. Seus olhos castanhos cor de mel me encaravam, procurando uma resposta.

-- Perdido. Não há palavra mais adequada. Eu estava procurando por uma pessoa.

-- Eu posso ajudar de alguma forma? – Me vi mudo diante da pergunta. Não sabia onde nem por quem procurar.

-- Eu não sei.

-- De onde você é? – Assustei-me com a pergunta repentina, que ressoou no meu âmago. De onde eu sou?

-- Venho aqui do lado. Do rio.

-- Não conheço. Estranho como as coisas mais inusitadas nos avizinham e muitas vezes nem tomamos conhecimento delas. – Fez-se um estranho silêncio. Daqueles que as pessoas sempre tentam evitar, mas que diz milhões de coisas. – Então, por quem você estava procurando?

-- Não sei ao certo.

-- Não entendi.

-- Sabe quando você vê uma pessoa e, mesmo sem conhecê-la, sabe que ela vai ser importante na sua vida de alguma maneira?

-- Acho que sim. – Ana aquiesceu. De alguma forma sentiu-se sem graça com o comentário.

-- Foi o que aconteceu. No momento em que eu a vi eu soube que teria de encontrá-la.

-- É uma mulher? – Lucas não sabia, mas preferia pensar que sim.

-- Acho que sim, não vi de perto. – Os dois cessaram a conversa por um instante. O tempo passara despercebido e, pelo Sol forte, já passava de meio dia. Incrível como o tempo deixa de existir quando estamos com quem gostamos. Sim. Podia-se dizer que Lucas gostava de Ana. Não sabia explicar o porquê. Seria pela sua voz doce? Pelo seu perfume de lírios? Ou simplesmente porque ela fora a primeira pessoa com quem conversara nessa terra estranha à sua? Por que ele deveria encontrar um porquê?

-- Eu sempre gostei do mar. As ondas são tão enigmáticas. Te dragam para o mar como se fosse um ente querido e te jogam à areia como se fosse o pior dos seres humanos. – Disse Ana, quebrando o silêncio. – Mesmo sem entendê-las admito que elas têm um propósito. Não sei ao certo qual, mas tudo nessa vida tem uma razão de ser.

-- Até nós?

-- Principalmente. Todo ser humano tem sua razão de ser. Senão, não seria.

-- Não falo de todos os seres humanos, falo de nós. Você acha que eu e você, aqui e agora, temos a nossa razão de ser?

-- Acredito mais a cada segundo que passa. – Os olhos se cruzaram como não haviam feito antes. O coração acelerou. A boca seca. Respiração descompassada. Borboletas na barriga? Todas. Um movimento adiante. Lábios se tocando. Coração quase parando de tanto bater. Um beijo. O beijo.

            Ficaram na praia o restante da tarde. Conversando. Rindo. Pensando o quão inusitada era a situação que estavam vivenciando e o quanto não queriam que acabasse. Um por do Sol fenomenal se desenhava no horizonte. Ana olhou para Lucas com o olhar perdido, triste de certa forma.

 

-- Tenho que ir.

-- Para onde?

-- Embora. – Lucas sentiu seriedade e pesar no tom de voz de Ana.

-- Por quê? Eu pensei que quisesse ficar.

-- Eu quero. Mas preciso ir. Sem explicações. Só desculpas. Apenas ir.

 

            Ana beijou Lucas ternamente. Ele sabia que ela não queria ir. Então por quê? O gosto salgado no beijo dizia a Lucas que era hora de partir. Voltar para o lugar de onde nunca o deviam ter deixado sair. Seguindo o ritmo de seu rio como páginas de livros, caminhando para o fim do romance. Lucas olhou para Ana uma última vez e notou que ela chorava lágrimas que não eram suas. Viu nela um ser transbordante de sentimentos emprestados. Ana não era Ana. Quem era então? Mais um vulto naquele dia tão extra-ordinário.

            Lucas caminhou confuso pela floresta, rumo ao único lugar que podia chamar de casa. À beira do rio, estacou. Seria o bastante viver na correnteza do rio depois de ter gozado da beleza das ondas do mar? Atirou-se no rio. Sem canoa e sem esperança. O ar lhe faltava agora. Pensava em Ana e em todo o resto. Flashbacks permeando sua mente. O peito pesava. Quanto mais afundava nas águas do rio mais frio sentia. Sentia a vida esvaindo-se de seu corpo. Esperava pela luz branca, mas o que veio foi escuridão. Num repente Lucas se viu em sua canoa, trilhando o caminho traçado pelo rio. Entendeu, então, que não podia morrer porque seu criador não queria que assim fosse. Não podia ter Ana porque ela não fazia parte do seu mundo. A aparente fuga não passava de uma ilusão premeditada. Parte de sua história.    

sábado, 10 de outubro de 2009

In my time of dying...


I’m in front of the edge, wondering what led my life to this moment. Always surrounded by problems I have peace presented to me, just seven steps ahead and some more down. If only I could not to be scared. The fear overcoming the will. But in a unexplainable way the will is somehow strengthened by the fear. One step ahead.
My life was linear, constant, stuck. I lost count of the days I went to bed thinking of my day and seeing that I could do things much better. Not better for the others or for my image. Better for myself. But that is past. What I did wrong and what I did not just does not matter now. One step ahead.
Happiness? How can I define something that I did not know? One more step ahead.
What to say about love? I was left on a corner. I always felt like people liked me because of someone else. I wonder if I was alone on the crew if I would still be called a friend. Did you ever have this feeling that sometimes people just do not love you enough? Why sometimes people that know you can not see a fake smile? Sometimes you are in need of a hug, a word, heat! Sometimes you have. Sometimes. One more step ahead.
One thing is for sure. I do not regret myself of anything I did. I did cry dry tears over things that went to roads I did not want them to. I wonder if I could do some things different if my life would be better now. But for all my life I was myself. And, in a way, that is what led me here. One more ahead.
I miss the time in which life was easier. The wind used to bring me new smells and feelings. The old problems do not dare themselves to compare to the nowadays ones. Everything was colorful and bright and if I looked to the future I would see hope. But not anymore. Ahead I go.
I prefer to believe in reincarnation. Another chance to live right. To take the leads of my life! Staring at the abyss I wonder if it would be possible to change the course of the river now. Would I still have the time to make things right? “I am a talker taking action!”. These words were never true. Then what was I doin’? Step.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Reencontro

Há não muito estou só. Minha alma-gêmea de mim se apartou e essa condição de sobrevida que tenho não mais me alimenta. Sem firmamento, me encontro perdido em um redemoinho infinito. Envolto em voltas, caminhando em linhas tortas. Mas estou cansado! Volto a visar o norte. Meu norte.
Vozes me dizem que estou me precipitando. Que o tempo irá curar as feridas e tudo se acertará mais para frente. Chega de clichês! Quero secar as lágrimas agora. Tirar essa adaga do meu coração pulsante e colocar a rosa que a ele pertence. Fazer sorrir por mais uma vez a felicidade em mim.
Liguei. Disse que precisávamos conversar, sem revelar o tópico. Esperei-a no mirante. Apesar das voltas que o mundo deu, ambos gostamos do lugar. Aonde tudo começou. E vai recomeçar.
Ela aparece, contra o vento, uma deusa. Me olha com os olhos de sempre, mas não com o mesmo olhar. Caminha ansiosa, mas está longe de ser a ansiedade que uma vez abateu nossos corações. Respiração desenfreada. Coração descompassado.

- Olá – disse ela.
- Oi.
- Como você está?
- Bem e você?
- Bem também.
...
...
- Por que mesmo, hein?
- Por que o quê?
- Por que acabou?
- Por nada que possa ser explicado...
- Podíamos nos dar mais uma chance.
- Não podíamos... Hoje não te amo como ontem.
- Você disse que ficaríamos bem.
- E estamos. Foi melhor assim.
- E se bem não for o bastante pra mim? E se eu quiser extraordinário?

Ela segurou minha mão. Olhou pra mim. Sorriu. Senti que procurava palavras para dizer, mas não encontrava. Eu encontrei. Beijei-lhe o rosto. Meia volta. Hoje ainda só, rumo ao norte.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Música

Este blog já foi de blog à poesia. Faltava música. Bem, não falta mais. Essa é a minha mais nova criação. É tão ruim quanto as outras. Vale a pena ressaltar alguns detalhes:

- Eu não sou cantor.

- A qualidade do audio está ruim, mas é só ouvir com fone que fica bem melhor.

- Errei alguns detalhes, não gravei de novo pra corrigir por preguiça.

- Vocês devem reparar que eu fico olhando pro lado 95% do vídeo. Além de tímido eu ainda não gravei a letra toda da música. Meu bebê é muito nova ainda, não tem nem nome.

Acho que é isso.

Espero que gostem.

Enjoy! XD

Agradecimentos especiais à minha camera girl Rafaella!

Segue a letra para vocês acompanharem batendo palminha..XD

Ele queria curtição,
Ela um romance de novela.
Ele queria ter ela na mão
E ela a mão dele na dela.

Cansada de dias nublados
Sonhava com um amor só seu
Sua própria história de cinema
O seu Romeu.

Enquanto ele viajava
Sem norte, sem direção.
Procurando o que procurar
Meio na contramão.

Os seus olhos se encontraram.
Tudo desapareceu.
E ninguém reparou,
Que o mundo parou.

Um beijo doce entre o Sol e a Lua.
Correndo de mãos dadas debaixo de chuva.
Inexplicável é o que a gente sente
Nasceu tão de repente, no coração da gente.

Inesperadamente
O amor aconteceu.
Eu me encontro ao me perder
Na luz dos olhos teus.

Caminho nas estrelas
Sob a luz do luar
Coração em desalinho 
A acelerar

Dois corações uma batida.
Julieta e Romeu.
E a sua história de cinema
Finalmente aconteceu.

Um beijo doce entre o Sol e a Lua.
Correndo de mãos dadas debaixo de chuva.
Inexplicável é o que a gente sente
Nasceu tão de repente, no coração da gente.

Minha boca indo de encontro à tua.
O mundo para e o filme continua.
E a nossa história que nasceu tão de repente
Acaba em um felizes para sempre.



terça-feira, 28 de julho de 2009

Foolish suffer of my own

My life is a whirlwind. Sometimes what I feel is not definable. It is a mix of things that turn out to be a new thing. But then appears Miss F. She has iced-blue eyes and a patronizing aura around her. One of the only things capable of knocking me out. When I was in love for the very first time everything seemed to shine around me, the world gained new color and then became dry grey with Miss F’s visit. I chose my career and Miss F. was still with me. What about an option? Miss F didn’t let me go for it either. The third one was not about her to decide. It was already written. Teacher it is!
Nowadays I consider myself a happy person. Long time with no visits of Miss F. I decided to always look for the bright side of things. But the worst thing is that some things are one hundred percent dry grey. And once again I was hit. Some punches didn’t let me down anymore. But I still had some weak spots. Bulls-eye. I died and then reborn. But still there were ashes on my phoenix’s wings.

No matter if the world supports me. Sometimes all I can see is F’s glance aiming me. She is on the corner smiling at me and some situations assume a procrastinating good-look, just a cover to Miss F’s surprise visit. This situations in particular don’t throw me to the bottom of the well. They make me get to the bottom and dig a hole. Under the shadow my amplified disgrace I stay, under Miss F’s glance of course. But it wouldn’t matter. This unpleasant company stayed away for a long time. But still I am knocked out when she decides to appear. I still bleed to death when she comes. She showed up today.

PS: I am sorry about possible mistakes but I am not in the mood to read again. Feelings to paper it is.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Quebra-cabeça completo

       Ele se sentia estranho. Não um estranho “novo”. Ele já havia estado ali. Um dia. Uma semana. Um mês. Mas por algum motivo, ainda doía. Cada visita lhe proporcionava um vazio diferente. Tinha Tudo presente em sua vida. Tinha a mais bela estrela de todas. Isso lhe proporcionava momentos únicos de felicidade. Sim. Podia-se dizer que era feliz. Mas as tristezas eram como montanhas em suas costas. 
       Às vezes sentia-se deslocado. Era Sol em meio a luas. Por mais próximo que pudesse estar, sempre haveria uma barreira que não poderia ultrapassar. Justamente a que ele queria. Então chorava. Não queria saber tudo, mas não queria perder nada. Chorava. Não queria ficar de lado, mas as circunstâncias faziam com que ficasse. Chorava. Não queria ser mais um, ou um, queria ser o. Não queria chorar, mas estupidamente chorava.
      Quando conseguia se sentir uma lua entre luas, ficava feliz. Sorriso besta que se arma com a mais singela demonstração. Algo pouco importante a olhos nus, mas de suma para quem preza. Um sorriso. Um olhar. Uma palavra. Um gesto. Um abraço. Um beijo. Um pedaço a mais que faltava no quebra-cabeça. Pedaço esse que automaticamente se exclui, por razão nebulosa, ou que é excluído por razão inconsciente e incerta. Num repente e tudo volta ao cinza. 
       Questionava por que não conseguia ser plenamente feliz. Sempre recebia de Tudo, tudo o que precisava. Um abraço, um porto-seguro. Sempre tinha a estrela ao seu lado, caminhando indefectivelmente pela escuridão em volta. Sempre teve sorrisos. Uns gerados por ele, outros por ele roubados. Sempre teve amor. Nunca teve satisfação. Nunca estivera cem por cento satisfeito. Nunca se achava completamente feliz. 
        Poderia ele ser cem por cento feliz? Ele sabia a resposta. Nasceu para chorar, sorrir e chorar. Sabia que estava fadado a viver com peças sobrando no quebra-cabeça. Peças que queria ver figurando a obra maior. Peças que não queriam sobrar mas caminhavam por esse caminho. Peças que, no fim das contas, não sobram. Só se postam em um lugar indefinido do quebra-cabeça.  

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Silêncio


O silêncio é triste. Quando terminamos um namoro: silêncio. Quando nosso time perde na final do campeonato: silêncio. Quando perdemos alguém querido: silêncio. Quando queremos gritar: silêncio.

 Mas será que o silêncio é mesmo triste ou nós que só o notamos quando estamos tristes? Eu vejo o silêncio como um grande amigo. Quando estamos sozinhos, concatenando esquemas, pensando sobre a vida, se falamos, não falamos sozinhos. O silêncio está lá como um amigo sempre a nos ouvir e, algumas vezes, a nos aconselhar. Já aconteceu com todos nós: um problema sem solução se apresenta, você perde horas pensando naquilo, fala pra todas as paredes da casa e, num repente, a solução mais sensacional cai de bandeja nos seus braços. Epifania ou o silêncio lhe soprou a resposta?
Talvez os dois, por que não?
 O silêncio é o melhor amigo de muita gente e, apesar de mudo, ele nos diz muitas coisas. Quantas vezes um olhar nos disse mais do que mil palavras? Quantas vezes as reticências nos disseram muito mais do que um poema inteiro. Quantos momentos perfeitos você já viveu em que nenhum som foi ouvido? 

 Para fechar o post escolhi um poema de um poeta que considero um dos maiores poetas que há: Mário Quintana.

O Silêncio
Há um grande silêncio que está sempre à escuta... 
E a gente se põe a dizer inquietamente qualquer coisa, 
qualquer coisa, seja o que for, 
desde a corriqueira dúvida sobre se chove ou não chove hoje 
até a tua dúvida metafísica, Hamleto! 
E, por todo o sempre, enquanto a gente fala, fala, fala 
o silêncio escuta... 
e cala.

   


terça-feira, 28 de abril de 2009

Cachorros


Quem, no planeta Terra inteiro, consegue explicar a relação do ser humano com o cachorro? Às vezes chegamos em casa revoltados com o mundo, resignados a passar a noite emburrados/chorando/remoendo alguma coisa, mas ao passarmos pela porta e vermos aquela bolinha de pelos com cara de "que bom que você está aqui", é impossível não esquecer de tudo e abrir o maior sorriso do mundo. O mais impressionante nisso tudo é que eles levam, literalmente, uma vida de cão. Comem ração ( que por mais gostosa que seja, venhamos e convenhamos que comer a mesma coisa todo dia deve ser um porre ) e fazem cocô no jornal (quando da tempo).

Uma coisa que me revolta é gente que maltrata cachorro. O bicho não faz nada pra ninguém. Quer bater? Bate com a cabeça na parede. Quer matar? Se joga da ponte Rio - Niterói. Dizem que a criança é a imagem da pureza, mas, sem dúvidas, é o cachorro. Por mais violento que seja, é sempre fiel ao dono. Por mais brigão que seja, sempre faz dengo quando quer carinho. E por mais idiotas que NÓS sejamos (se pisamos sem querer quando estão nos seguindo, se gritamos desenfreadamente por razões superficiais) eles sempre voltam. Sem rancôr. Só uma língua pra fora e AQUELA cara (que todos sabem qual é).

Eles sim são espíritos evoluídos. Eles não traem amigos. Não mentem. Acredito que temos muito a aprender com os cachorros. Sermos mais afetivos, mais simples, mais humanos.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Metamorfose

Estamos em constante mudança e nem sempre percebemos isso. Às vezes somos um e muitos ao mesmo tempo. Às vezes incorporamos valores à nossa índole Adotamos comportamentos que achamos corretos. Tomamos decisões que geralmente não tomaríamos. Nessas oscilações moram as metamorfoses. O que pode parecer uma variação momentânea de comportamento é na verdade um outro "eu" que existiu/existe em você. Procurei na internet algum poema que falasse disso para ilustrar o que venho falar. No entanto, nada melhor para traduzir a minha voz do que a própria...

Metamorfose

O ritmo cadenciado e indefectível do tempo,
Sempre carrasco de vidas intérminas e momentos infinitos,
Faz-me agora refletir sobre o correr do vento, por dentro,
Sobre o que muda e não muda reflito.

Em oposto ao soberano Chronos,
O meu passar não é linear.
Já fui muitas coisas e ainda sou outras tantas,
Hoje serei novo de novo e amanhã sei que hei de mudar.

Já fui lagarta que não pôde voar.
Fui borboleta que não pôde falar.
Fui ser humano que não sabia sentir.

Entre passado, presente e futuro,
Vislumbro tudo. Já fui lagarta e borboleta.
Já fui nada e tudo. Agora me falta ser eu. 

by Rodrigo de Oliveira Lima

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Saudade

Ao longo de toda a história da humanidade, esta vem tentando desvendar os mistérios da vida. Desde os filósofos aos cientistas a principal meta é explicar o que não se entende. Muitos enigmas foram desvendados e uma grande incógnita permanece: a morte. No entanto é importante notar que ainda existem muitas outras incógnitas acerca do comportamento humano. Uma delas é a saudade.
A saudade é um sentimento estranho que pode se manifestar de diversas formas, mas nenhuma pode ser explicada. Quando você sente falta daquela amiga pentelha, que te azucrina durante todos os segundos possíveis em que vocês estão juntos, você não é capaz de explicar o porquê, mas você sente falta dela.
Outro fenômeno inexplicável é quando você está com uma pessoa da qual você gosta muito, ela vai embora e você sente falta dela. Como é possível sentir falta de alguém que só está ausente há um minuto?
Todo ser humano é carente em incontáveis aspectos. Precisamos de outras pessoas para viver. Pessoas para rir junto, chorar junto, conversar, confiar segredos e muitas coisas mais. Temos pessoas no nosso cerco de vida que desempenham essas funções. É como um sistema: quando uma função falta, o sistema sente falta.
Diante de tudo isso nós, seres humanos, podemos ser vistos como fracos e dependentes. Mas somos exatamente o contrário. Não somos estrelas de brilho próprio. O nosso brilho sempre acaba vindo de outra pessoa. Você pode ficar feliz quando está namorando, mas está feliz não apenas de dentro pra fora, e sim de fora pra dentro. Está feliz porque aquela pessoa está com você. Por isso digo: o ser humano não é completo por si.
Precisamos da metade da laranja. No nosso caso, as muitas metades (amigos, namorados, família, compromissos). No meu caso, as metades do chocolate, porque não gosto de laranja. Precisamos dessas metades presentes, se não sentimos falta, e você leitor sabe que cada metade faz falta.
O mais triste nisso tudo é que a saudade também é o princípio do esquecimento. Todos tivemos alguém que considerávamos o melhor amigo de todo o mundo, mas de alguma maneira a vida o separou de nós. No começo você sente falta, e, aos poucos, outra pessoa vai assumindo esse papel. Não da mesma maneira, isso nunca. Mas você ganha um novo melhor amigo. E o que partiu fica escondido nas suas lembranças. E a saudade já não é mais tão grande.

É claro que existem exceções. Existem pessoas que marcam nossas vidas para sempre e a falta que elas nos fazem é inexorável. Mas mesmo à essas pessoas, essas tão raras exceções, a saudade não se aplica mais. Você sente falta de ter essa pessoa por perto, mas a saudade vai diminuindo até se exaurir.


Qual a diferença entre falta e saudade? Bem, digo por mim quando sinto falta da minha infância e não saudade. Digo por mim quando digo que falta seria uma espécie de saudade em menor intensidade. Eu sinto falta de coisas e pessoas, no entanto consigo viver sem elas. Saudade é implacável e indefectível. Um desejo que só diminui quando a chama se apaga. Quando o passado engole o presente por inteiro.
Sinto saudade, sinto falta, me sinto triste. Nessa vida, quase nada do que vai... volta. Ao contrário do mar, vemos amigos indo, pessoas queridas indo, momentos perfeitos se esvaindo. Esses momentos não se repetem, igualmente as pessoas. Esses ficam eternizados apenas na nossa memória, nos nossos corações e temos que nos contentar com isso. Ou fazer novos amigos e viver novos momentos igualmente inesquecíveis.
Diante de tudo que foi dito já digo que sinto saudade dos tempos de faculdade. Gostaria que tudo ficasse exatamente como está. Vivo, sem dúvidas, a época mais feliz da minha vida até agora. Não quero perder nada dessa vida. Sinto saudade das risadas que serão separadas e das conversas que se tornarão escaças. Pois a vida segue e nos leva para diferentes caminhos. E aí? Bem, só nos resta a saudade.

Deixo a fim desse post um EU TE AMO para todas as pessoas que fazem com que eu me sinta feliz: Júlio, Kelly, Carol, Lívia, Tássia, Thamiris e muitos outros. Não que os por seguintes sejam menos importantes, mas a preguiça reina em meu ser neste momento. Vocês são indispensáveis e essenciais na minha vida.

Até o próximo post (que eu espero ser mais alto astral, isso não está muito condizente ao meu eu palhaço..rsrs)

quarta-feira, 11 de março de 2009

Personalidades e pessoas


          A teoria de dupla (ou múltipla) personalidade é razoável e possui bases teóricas inquestionáveis. Será? Eu não acredito em duas personalidades em uma pessoa. Eu acredito em muitas pessoas dentro de um corpo.

          Vejamos Fernando Pessoa, o exemplo mor do assunto em questão. Ele não possui personalidade múltipla, e sim identidades múltiplas (os famosos heterônimos). O que diferencia este homem que criou inúmeras pessoas diferentes para "incorporar" de uma pessoa normal? Não muita coisa.

          Tomemos por exemplo você mesmo, leitor que dedica uma fração de seu tempo para este artigo, você é a mesma pessoa todos os dias? Você é o mesmo de quando você era criança? Você é o mesmo quando está apaixonado? Estressado? Ou mais importante ainda: Você acredita que isso se trata apenas de desenvolvimento humano ou mudanças de humor/estado de espírito?

           Eu quando estou irritado me torno uma pessoa extremamente agressiva, no entanto bem mais observador. Um "au" a mais que o cachorro solta me deixa pra explodir. Fico ainda impaciente com o tempo. Este é meu algoz e dana de nunca passar. Por outro lado, quando estou feliz, aflora o Rodrigo atencioso e paciente, que quer aproveitar o dia ao máximo, pois cada segundo se torna o mais importante da minha vida.

            Como os heterônimos de Pessoa, meus "Rodrigos" também apresentam gostos bem peculiares. O Rodrigo bem-humorado ama ler. O Rodrigo irritado prefere correr. O Rodrigo apaixonado se acha na poesia, e o magoado, também. 

          Mas aí você leitor me questiona: mas isso são características, gostos que são inerentes a você e suscetíveis à mudanças de humor. E eu te pergunto: Você acredita que Pessoa não tinha disso também?

          Não digo de humor. Mas achar que Pessoa não gostava do campo, apenas Caeiro, como isso? Caeiro era Fernando Pessoa e vice-versa. Durante a rotina do dia-a-dia nós temos que assumir diferentes papéis: A Kelly do trabalho é diferente da Kelly de casa; A Lívia da reunião com os amigos é diferente da Lívia assistindo o jogo do Vasco. E isso, essa rotina massante do fazer constante, nos faz não só incorporar novos, ou diferentes, comportamentos. Acabamos por criar novas pessoas. Nem que a pessoa queira ela muda no trabalho. Podem ocorrer leves mudanças, mas a essência é a mesma.

          Outro exemplo bastante comum que é conveniente utilizar neste momento é o auto-diálogo. Dúvido que você nunca tenha conversado consigo. Segundo o esquema comunicativo, tão famoso na linguística, pra haver comunicação tem de haver dois enunciadores. E se você for os dois, você acredita que a Thamiris que escuta é a mesma que questiona? Se fosse não haveria conversa, questionamento ou conflito.

          Agora, relendo este post, eu mesmo me pego em conflito com os "eus" em mim. Uma parte de mim acha bobagem postar isso, a outra acha interessante.

          Não vejo esse interior interpenetrado por turbilhões de identidades como um mal. Afinal, do caos nasce a ordem. Dos muitos "eus" em mim nasce o Rodrigo inteiro. Por isso digo: Não sou um de várias maneiras! Sou muitos em um só. Sou simplesmente eu e os muitos de mim.

          Nada melhor para terminar este post como as palavras do próprio Fernando Pessoa:
"Eu que me aguente comigo
  E com os comigos de mim"
  E, em meio a essa multiplicidade, penso eu:
  Pensar no eu.
  Mas quem, verdadeiramente, sou eu?
  Eu sou um...
  Eu sou um em um milhão.
  Eu sou um milhão."

 

quinta-feira, 5 de março de 2009

Coisas que me irritam em narrativas clássicas



Resolvi escrever sobre coisas que me irritavam. Mas diante da iminente infinidade de coisas irritantes que esse mundo me proporciona, decidi ser mais específico. Restringindo essa abordagem “irritacional” ao âmbito das narrativas, notei que, mesmo assim, minha lista não é muito pequena.

Devo reconhecer que alguns dos elementos aqui citados são importantes para algumas narrativas, mas em casos mais gerais inevitavelmente irritam o sujeito.

Donzelas em perigo


As donzelas em perigo são ícones das grandes narrativas, desde quando esta se entende por gênero literário. É lindo, realmente, ver o mocinho enfrentar forças impossíveis de serem vencidas para resgatar a amada. Mas isso cansa!
 Por que um homem não pode ser seqüestrado por uma bruxa maníaca gostosa que vai trancar ele numa torre e mandá-lo ficar fazendo bordado eternamente? Por que o homem não bebe a lata de cerveja envenenada pela sogra?
 Nesses casos, por que a mulher não assume a posição de macho e vai salvar o mocinho? As mulheres lutam por igualdade, então por que não trocar os papéis? Deixa o mocinho dormindo enquanto a donzela acaba com a bruxa má e o dragão imenso? Isso me irrita.

Inimigos impossíveis e soluções inimagináveis


 Grande parte das narrativas de aventura tem essa característica. Existe um guerreiro invencível, o orgulho do povoado/nação/qualquer coisa. No começo esse guerreiro é desacreditado, e se torna amado da noite pro dia, quando resolve algum problema grande. Mas depois do problema é que vem a questão.
 Imaginemos um gladiador que surge do nada, ganha torneios e se torna um ícone. De repente surge a notícia de uma invasão no condado, quem poderá nos defender? (além do Chapolin). Justamente o herói. Mas o exército que vai invadir o condado é imenso, ou tem um dragão de sete cabeças. Como um homem mata um bicho desses? Simples, ele simplesmente pega a espada de Glinglow, no reino de Lofobis, com a guardiã da Lasagna. Isso definitivamente me irrita.

Escolhidos

Os escolhidos são sensacionais. Adoro o Neo, por exemplo. Um cara comum que vira o salvador da Terra. Mas e quando esse escolhido é um completo banana?
Os príncipes da Disney são meus alvos favoritos. Pra ser o herói da história você só precisa ser príncipe, bonito, determinado e branco. Está aí outro questionamento: por que a Disney nunca fez um filme com o príncipe da África resgatando a princesinha? (me antecipando a contra argumentos, me pronuncio de ante-mão: O príncipe do Egito não é preto!).
 E como eu digo que esses príncipes são bananas? Bem, analisemos o príncipe da Cinderela: se aparece outra mulher com o pé 37 ele casa com a mulher errada.

Por que alguma personagem que a gente gosta tem que morrer?

 Isso sempre acontece comigo! Eu estou lendo um romance e um dos personagens que eu mais gosto morre. Por quê? Nunca fui de gostar de protagonistas, gostei mais do coringa no Batman, e gosto muito mais do Shiryu do que do Seya em Cavaleiros do Zodíaco. 
 O que me dá mais raiva ainda é quando matam alguém que eu gosto no romance sem necessidade. O autor tem todo um trabalho para montar uma personagem, você começa a se identificar com essa personagem, e o autor vai lá e mata ela. Quando a morte dela desencadeia algo na trama, tudo bem. Você que abaixe a cabeça e se conforme. Mas quando a morte dele só serve pra diminuir o elenco, aí eu fico por conta.

Gêmeo/gêmea do mal


 Manifestação mais comum nos gêneros novelescos globenses ou sbterianos, este elemento é o que, sem sombra de dúvida, mais me irrita. O pior é que ninguém se toca que é a coisa mais cafona do mundo. Geralmente são duas mulheres: uma extremamente boa e a outra é a trainee do capeta. 
 A gêmea do mal sempre finge ser a do bem para enganar alguém. O grande problema é: se ela consegue fingir que é do bem como a gente sabe qual gêmea perdeu?
No fim da novela, a gêmea má vai presa e a boa fica com o Fábio Assunção. Mas e se for a gêmea má se fingindo de boazinha? Definitivamente, gêmea do mal é “LAMENTÁVEL” (SILVA, 2007 p.: início da UERJ – tempos modernos).

terça-feira, 3 de março de 2009

O que nos separa dos vampiros?



Bem, não é segredo pra ninguém que eu adoro vampiros. Então meu primeiro post não poderia ser sobre outra coisa. Mas pensando bem, o que nos difere deles?


Comecemos pelo Sol...

O sol tão mortal aos vampiros, significa vida para todo o planeta Terra. Mas esse é o papel do Sol e nós? Nós saímos e ficamos horas debaixo do Sol para ficarmos queimados (obviamente em menor proporção que aos vampiros). Igualmente podemos morrer ao Sol, nos vampiros isso é instantâneo, em nós pode ser um câncer de pele ou outras patologias ligadas ao astro-rei.

A sede...

Os vampiros precisam beber sangue para sobreviver, o que os caracteriza como assassinos que indiferem amigos de inimigos, tudo que importa é saciar sua sede. Com os seres humanos esse elemento apresenta diversas variáveis, mas quando a "sede" vem, é igualmente avassaladora. Consideremos como exemplo uma mulher, que tem o hábito de comer 3 barras de chocolate sempre que termina um relacionamento. Se essa mesma mulher, terminar um relacionamento hoje e não tiver o chocolate nas mãos amanhã ela provavelmente roubará um banco para conseguir dinheiro pro bendito chocolate.

Vida noturna...

Os vampiros são seres noturnos por excelência. Faz parte da maldição deles. Além de não poder sair a luz do Sol (isso mesmo, eles não brilham ,Stephenie Meyer, eles morrem!) eles são privados de viver estas horas. Ao nascer o Sol os vampiros mergulham num sono profundo que só termina quando o astro-rei se deita. Há inclusive uma teoria religiosa que afirma ser o dia dos anjos e a noite dos demônios. Pois bem, e o que todo ser humano normal faz? Fica em cima do muro. Vive de dia e de noite, mas qual a diferença dessas "vidas"? De dia se trabalha (se sofre) assim como os vampiros, enquanto a noite é a hora para diversão. Claro que existem as pessoas que trabalham à noite, mas essas, como os vampiros, dormem o que precisam e o que não precisam durante o dia.

Focando nas diferenças, podemos ver que os vampiros não ficam doentes, se regeneram mediante qualquer ferimento não-fatal e são dotados de habilidades sobre-humanas em todos os campos (acadêmico, físico e psicológico). Possuem a pele pálida (se confundindo à uma conde/condessa europeu ou a uma perua cheia de pó de arroz) e presas pontiagudas. Aproveitando que falamos em dentes, está aí outro ponto positivo, nunca vi vampiro de aparelho. E a habilidade mais marcante de qualquer vampiro: o poder de sedução. Vamos imaginar um vampiro que só anda de calça creme meio surrada e uma camisa branca de igual estado. Adicionemos nesse vampiro aquele cabelinho de lado, com uns fiapos escapando para a testa, sexy como um estudante de física nuclear com CR 9.7. E pra finalizar vamos imaginar este ser baixinho, e com mãos extremamente pequenas. Este corpo estranho entraria facilmente em um ambiente e sairia com a Viviane Araújo de um lado e a Grazi Massafera de outro.Resumindo a história, temos nossas semelhanças aos vampiros. E quanto as diferenças?Bem... só perdemos as coisas legais...